Breve Histórico
Em 08 de maio de 1997, o Magnífico Reitor Nelson Abrahim Fraiji propôs, e no dia 22 do mesmo mês o Conselho Universitário da Universidade do Amazonas aprovou a criação do Centro de Apoio Multidisciplinar, mais conhecido pela sua sigla - CAM. Esta aprovação acompanhou o excelente parecer do relator, Prof. Dr. Hidembergue Ordozgoith da Frota, então Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da nossa Universidade.
A história do CAM, porém, inicia-se três anos antes de sua criação efetiva e antes de completar o primeiro ano da gestão do Magnífico Reitor Nelson Fraiji quando, em abril de 1994, seguindo proposta da PROPESP, criou-se a “política para a Pós-graduação” da então denominada Universidade do Amazonas (Ufam, a partir de 2002), a qual visava um salto qualitativo nas atividades fundamentais institucionais através da capacitação do corpo docente, sobretudo com a ampliação do número de doutores nas diversas áreas do conhecimento científico; e pela melhoria da infraestrutura de bibliotecas e laboratórios de pesquisa, à época precários.
Como maior universidade da Amazônia Ocidental, a Universidade do Amazonas precisava dar condições à docência e investigação científica e contribuir com formação de pessoal para as instituições de ensino e pesquisa da região. Foi então proposta a criação de um centro de análises, com equipamentos que atendessem ao uso comum de diferentes campos da investigação experimental. Surgia, assim, a Central Analítica que passaria a realizar análises para pesquisas sobretudo nas áreas das ciências agrárias, da saúde, exatas e da terra. Com a coragem e determinação do magnífico gestor e de sua equipe, a Universidade do Amazonas disponibilizou, com recursos próprios, equipamentos de altos custos a docentes pesquisadores e discentes.
Designou-se, então, a profa. Ms. Maria Lúcia Belém Pinheiro, em 1996, para coordenar a implantação da Central Analítica da Universidade do Amazonas, como “um órgão multidisciplinar” de apoio à pesquisa, ensino, extensão e prestação de serviços, a fim de realizar análises físico-químicas por métodos instrumentais.
E, diante da patente necessidade de ampliar esse Centro de análises para mais pesquisas de nossa região e biodiversidade, propôs-se a criação do CAM - Centro de Apoio Multidisciplinar, com nome sugerido pela profa. Lúcia, a ser constituído pelas Divisões da Central Analítica, Biotecnologia e Sensoriamento Remoto. Estavam postas, então, as condições iniciais para a Universidade do Amazonas contribuir com o desenvolvimento sustentável da Amazônia, uma alternativa à iminente extinção da zona franca, prevista para 2013, o que felizmente não ocorreu.
Para a criação da Divisão de Biotecnologia do CAM, em janeiro de 1995, uma das maiores lideranças em biotecnologia do país, o prof. Dr. Spartaco Astolfi Filho, da Universidade de Brasília, foi convidado e aceitou vir à Universidade do Amazonas como prof. Visitante.
Juntamente com professores do ICB e da FCA, dentre os quais destacamos o prof. Dr. José Odair Pereira, numa colaboração da universidade do amazonas com o CNPq, Suframa e Fiocruz, o prof. Spartaco iniciou imediatamente a capacitação de recursos humanos em Biotecnologia, através do 7o Curso de Fundamentos de Biotecnologia. Essa especialização itinerante, iniciada em 1983 na Unb, tinha o objetivo de desenvolver a biotecnologia no país, sendo um marco sua oferta, em 1995, na nossa Instituição e Estado. Completo sucesso, esse curso foi reeditado mais quatro vezes, inclusive numa unidade avançada da Universidade do Amazonas em Parintins, com o nome de Especialização em Biotecnologia.
Em 1996 foi ofertado outro curso inédito para a Biotecnologia da UA: o 1o Curso de Aplicações de PCR em Diagnóstico Molecular e Análise Genética.
Novamente com recursos próprios da nossa Universidade, em 1995, e da SUDAM, em 1996, foram adquiridos equipamentos específicos para os laboratórios da Divisão de Biotecnologia do CAM.
Desde sua criação, então, a Divisão de Biotecnologia tem cumprido sua finalidade de promover e integrar recursos e esforços para a pesquisa e desenvolvimento; formação de recursos humanos; intercâmbio e integração entre profissionais e entidades; empreendimentos empresariais em biotecnologia e prestação de serviços à comunidade.
Expandindo a formação de laboratórios multidisciplinares e atendendo as necessidades para a pesquisa, a PROPESP propôs a criação de um laboratório de sensoriamento remoto, a fim de promover o desenvolvimento e a difusão das referidas técnicas na pesquisa e no ensino de graduação e pós-graduação, aplicadas aos nossos recursos naturais e meio ambiente.
Estabelecidas, assim, as Divisões do CAM, o magnífico reitor inaugurou formalmente esse Centro de Apoio Multidisciplinar, em 26 de agosto de 1996, com a presença da Secretária de Ensino Superior do MEC, profa. Dra. Vanessa Guimarães. Mais tarde, após necessários trâmites, em 22 de maio de 1997, o CAM foi oficialmente criado pelo CONSUNI da Universidade do Amazonas. Vale relembrar as palavras do prof. Hidembergue Frota em seu parecer de que os laboratórios do CAM seriam “a pedra angular para o desenvolvimento da pesquisa experimental e o melhor conhecimento da nossa biodiversidade”, um instrumento de enfrentamento das grandes desigualdades regionais, que iria contribuir para colocar a pesquisa na região norte “dentro do contexto nacional”. Igualmente dignos de memória são os termos do regimento desse órgão suplementar da Ufam que estabelece seus laboratórios como “instrumentos para o desenvolvimento de estudos multidisciplinares e interdisciplinares, ampliando as vias para a criação, aquisição e difusão de conhecimentos científicos”.
Muito mais se poderia dizer sobre os primeiros momentos e toda a história do cam até o presente, porém pontuamos a seguir apenas alguns destaques dessa venturosa jornada:
Primeiro. A criação do PPGBiotec em 2002 – instalado no CAM, é um programa Multi Institucional com oferta de Mestrado e Doutorado em Biotecnologia, avaliado com o conceito 4 pela capes.
Depois, a criação do PPG-Bionorte em 2012, um programa em rede presente nos sete estados da região norte e nos estados do mato grosso e do maranhão.
Ainda, o apoio a cursos de Pós-graduação – considerando-se apenas os programas nas áreas apoiadas pelo CAM, quando este foi criado, eram apenas cinco cursos de mestrados próprios da UFAM e dois em convênio. Hoje, somam-se 13 cursos institucionais de mestrado e oito de doutorado, além de dois outros de doutorado em cooperação ou rede.
Bem como o desenvolvimento da tecnologia de produção de criscy - de 2007 à 2019 – esse medicamento para crianças e adultos com distúrbios na produção de hormônio de crescimento, é um produto de engenharia genética desenvolvido no CAM da UFAM em colaboração com a Cristália. Registrado na Anvisa, atualmente é distribuído por meio da rede pública de saúde a mais de 30 mil pacientes e rendeu royalties à Ufam, com os quais esperamos poder colaborar na construção do novo prédio do CAM, reunificando suas Divisões.
E a ampliação e renovação do parque instrumental – tendo qualificado seu capital humano, desde o início o CAM foi ampliando e renovando seu parque instrumental através de projetos aprovados junto a diversas agências de fomento à pesquisa, sobretudo a FINEP. Um ponto alto, no final da primeira década deste milênio foi a total renovação dos equipamentos iniciais e aquisição de novas tecnologias pela Central Analítica, o que ocorreu, de forma equivalente com a Divisão da Biotecnologia.
Ademais, a Central Analítica do Cam realiza anualmente muitos atendimentos e análises. No último ano foram atendidas 11 instituições, 32 docentes/pesquisadores, 7 programas de pós-graduação e dezenas de discentes da Ufam e de outras IES regionais e nacionais, com seus respectivos projetos de pesquisa. A cada ano são realizadas milhares de análises, tendo alcançado mais de 8 mil em 2018. Durante a pandemia da Covid-19, a Central Analítica contribuiu com projetos de pesquisas e desenvolvimento tecnológico de diagnóstico e combate à Covid-19.
E também a Divisão de Biotecnologia do CAM alcançou nos últimos anos vários resultados. Finalizou a parceria para a produção do medicamento criscy, com o acerto para receber o pagamento de royalties; aprovou e desenvolveu inúmeros projetos de pesquisa de alta qualidade em biotecnologia, dos quais se destaca a criação e consolidação do laboratório de Covid-19 e o forte envolvimento da divisão de biotecnologia nas pesquisas e desenvolvimento tecnológico, relacionados ao diagnóstico e controle do Covid-19, um projeto financiado pelo MCTI/FINEP.